BUSCA PATENTÁRIA, UM PROCESSO IMPRESCINDÍVEL PARA O DESENVOLVIMENTO DE BIOPRODUTOS: um relato de experiência

Abstract

A busca patentária possui uma trajetória histórica que acompanha a evolução dos sistemas de proteção à invenção e da própria inovação tecnológica. Desde o século XIX, quando os primeiros escritórios nacionais de patentes se consolidaram na Europa, a busca deixou de ser apenas um registro jurídico e passou a constituir uma fonte relevante de informação técnica. Com a criação da Classificação Internacional de Patentes (CIP) em 1971, o processo ganhou padronização global. Nas últimas décadas, recursos digitais, inteligência artificial e big data ampliaram a sofisticação das buscas, tornando-as ferramentas estratégicas para universidades, empresas e órgãos de propriedade intelectual. O objetivo central deste estudo foi relatar uma experiência prática de busca voltada à verificação da existência de bioprodutos contra o caramujo transmissor do Schistosoma mansoni, contextualizando os principais desafios e estratégias adotadas. A pesquisa foi conduzida por meio de bases nacionais e internacionais de patentes, utilizando a CIP como ponto de partida. Foram combinadas palavras-chave em português e inglês com operadores booleanos (AND, OR, NOT), ampliando a precisão das consultas. As buscas foram realizadas no Google Patents, que possibilita integração com literatura não patenteada, e no sistema do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, obrigatório para análise de contexto nacional. A experiência demonstrou a relevância da definição de estratégias claras para equilibrar abrangência e especificidade. A utilização de códigos de classificação e descritores técnicos refinou os resultados, reduzindo ruídos e identificando documentos relevantes. A sistematização das informações em planilhas possibilitou análises comparativas, identificação de famílias de patentes e mapeamento da distribuição geográfica e temporal dos depósitos. Entre as dificuldades, destacaram-se a fragmentação de bases, a barreira linguística, a complexidade jurídica dos documentos e a instabilidade de algumas plataformas. No entanto, recursos de visualização e softwares de análise auxiliaram na interpretação e na identificação de lacunas tecnológicas. A busca patentária consolidou-se como um processo interdisciplinar e estratégico, indispensável para a inovação. Historicamente, passou de registros manuais para sistemas digitais baseados em inteligência artificial, acompanhando o ritmo da produção científica e tecnológica global. A experiência prática evidenciou que, apesar das dificuldades terminológicas, informacionais e jurídicas, o uso de metodologias bem estruturadas e ferramentas adequadas garante confiabilidade e precisão aos resultados. Para o meio acadêmico, a prática fortalece a formação crítica e prepara o pesquisador para atuar em contextos de inovação.