Inovação Social e Tecnológica na Atenção Primária: Desenvolvimento de Aplicativo de Letramento em Saúde para Agentes Comunitários no Maranhão

Abstract

Este relato de experiência descreve a concepção teórica de um aplicativo de letramento em saúde voltado para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do estado do Maranhão, idealizado no contexto da especialização em Estratégias de Inovação, Propriedade Industrial e Prospecção Tecnológica da UEMASUL. A proposta surge como resposta aos desafios enfrentados na atenção primária à saúde em territórios vulneráveis, especialmente no cuidado de pacientes com hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM), doenças crônicas que exigem alto grau de autorregulação e compreensão por parte dos pacientes. O conceito de letramento em saúde, entendido como a capacidade de acessar, compreender e aplicar informações relacionadas ao cuidado, é central na proposta. No Maranhão, marcado por diversidade cultural e desigualdades socioeconômicas, os ACS desempenham papel estratégico na promoção da saúde, sendo muitas vezes os únicos representantes do sistema em comunidades distantes. Por isso, o fortalecimento de suas competências comunicativas e educativas é essencial. A experiência formativa proporcionada pela pós-graduação foi marcada por metodologias ativas e reflexivas, que estimularam a construção de soluções contextualizadas. A proposta do aplicativo foi desenvolvida com base em disciplinas que abordaram inovação tecnológica, propriedade intelectual, comunicação comunitária e valorização dos saberes tradicionais. O aplicativo foi pensado como uma ferramenta acessível, interativa e sensível às realidades locais, incorporando linguagem regional, recursos visuais e áudio, com funcionalidades offline para superar barreiras de conectividade. Além de ser um instrumento educativo, o aplicativo foi concebido como espaço simbólico de valorização da autonomia dos ACS e da cultura maranhense. A ideia é que, em um cenário ideal, sua construção envolva profissionais da saúde, educadores, desenvolvedores e os próprios agentes, promovendo uma abordagem colaborativa e participativa. A possibilidade de registro da proposta como propriedade intelectual também foi discutida, reforçando seu potencial como inovação social replicável. O relato também aborda as dificuldades enfrentadas durante o curso, como a conciliação de múltiplas demandas, a complexidade dos conteúdos interdisciplinares e a limitação de momentos síncronos com os docentes. Como sugestões de melhoria, propõe-se a criação de espaços de tutoria, oficinas práticas, metodologias ativas e repositórios colaborativos que valorizem a produção dos alunos. Por fim, a experiência na especialização ampliou a compreensão sobre o papel da tecnologia como ferramenta de transformação social, especialmente quando aplicada de forma sensível e contextualizada. A elaboração do aplicativo revelou-se como exercício integrador entre teoria, prática e compromisso ético, reafirmando a importância da escuta ativa, da valorização dos saberes locais e da inovação inclusiva na construção de soluções para os desafios da saúde pública.