A PRESENÇA DE Kudoa SSP. (MYXOZOA: MYXOSPOREA) EM PRODUTOS PESQUEIROS E OS RISCOS PARA A SAÚDE HUMANA: UMA ANÁLISE CRÍTICA

Abstract

O consumo de peixes e frutos do mar tem crescido consideravelmente em todo o mundo, impulsionado tanto por questões nutricionais quanto por mudanças nos hábitos alimentares. Contudo, esse aumento no consumo tem sido acompanhado por uma maior exposição a riscos biológicos, entre os quais se destaca a infecção por parasitas do gênero Kudoa, pertencente ao filo Myxozoa. Alguns estudos recentes relacionam a presença de Kudoa septempunctata a quadros de gastroenterite em humanos, principalmente em países asiáticos onde o consumo de peixe cru é comum, como Japão e Coreia do Sul. Desse modo, o objetivo gera l deste trabalho foi analisar criticamente a presença de Kudoa spp. (Myxozoa: Myxosporea) em produtos pesqueiros e os riscos associados à saúde humana e contribuir para o aprimoramento das estratégias de controle e prevenção de infecções parasitárias transmitidas por alimentos. Para isso, adotou-se uma abordagem qualitativa, com levantamento de artigos publicados entre os anos de 2015 e 2024, extraídos das bases de dados PubMed, SciELO, LILACS e BVS, utilizando os descritores “Kudoa”, “myxozoa”, “foodborne diseases” e “fish infection”, associados pelo operador booleano AND. Os resultados indicaram que a presença de Kudoa spp. em tecidos musculares de diversas espécies de peixes, como linguado, sardinha e cavala, é mais frequente do que se imaginava. Alguns estudos identificaram a presença de esporos mesmo em peixes comercializados em mercados e restaurantes. Em casos clínicos, os sintomas mais observados foram diarreia, náuseas e vômitos após a ingestão de peixe cru, e embora a patogenicidade de algumas espécies de Kudoa ainda esteja em debate, o potencial zoonótico é considerado preocupante por pesquisadores. Conclui-se que, embora não haja um consenso definitivo sobre a gravidade das infecções humanas por Kudoa spp., os dados apontam para a necessidade de maior vigilância sanitária e controle de qualidade nos produtos pesqueiros. As principais limitações encontradas na pesquisa foram à escassez de estudos específicos sobre o tema, à concentração das publicações em poucos países e a ausência de métodos homogêneos para detecção.