A PALAVRA É NECESSÁRIA DIANTE DO ABSURDO: LÉXICO E PORNOGRAFIA EM BUFÓLICAS DE HILDA HILST

Abstract

O presente trabalho tem como objeto de pesquisa o léxico pornográfico em Bufólicas, de Hilda Hilst. O nosso objetivo geral consiste em analisar as unidades lexicais utilizadas para nomear os órgãos sexuais das personagens que integram os sete (07) poemas-fábula da referida obra, considerando os seus aspectos estruturais (morfológicos, morfossintáticos, fonológicos e semânticos), a contextualização e as particularidades literárias (como autoria e estilo), suscitando, concomitantemente, as problemáticas de ordem sociocultural. Mais especificamente, realizamos um percurso teórico interdisciplinar tratando dos meandros políticos, corporais e estéticos da pornografia, nos pautando nos conceitos de dispositivo da sexualidade e biopoder, de Foucault (1999), também discutindo os pressupostos de Preciado (2014, 2017, 2018) e Maingueneau (2010) acerca da pornografia. Adentramos ao campo da Literatura, onde discutimos a sua conceituação, as diferenças entre literatura erótica e literatura pornográfica, as problemáticas advindas da concepção de literatura de autoria feminina e as particularidades da produção hilstiana (Borges, 2013; Eagleton, 2006; Figueiredo, 2020). Por fim, nos ancoramos na Lexicologia como principal aporte teórico (Biderman, 1996, 2001; Barbosa, 2006; Zavaglia e Orsi, 2007), em que procuramos evidenciar, por meio da palavra, a relação entre língua, cultura e sociedade, especialmente no que concerne aos tabus e às restrições impostas ao que se classifica como pornô. No total, identificamos quarenta (40) lexias em toda obra, das quais analisamos oito (08) utilizadas para denominar o pênis, a vagina, o ânus e órgão sexual indefinido, mantendo a interdisciplinaridade, as questões sociais e político corpóreas em nossa perspectiva. Palavras-Chaves: Lexicologia; Pornografia; Literatura; Hilda Hilst.