CATEDRAIS, VULTOS E SEPULCROS: As manifestações do Gótico na poesia de Gonçalves Dias

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Data
2024-09-19
Autores
MELO, EDUARDO OLIVEIRA
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Resumo
Diante do processo de alijamento que o Gótico sofreu no âmbito dos estudos acerca da literatura brasileira, e sua recente ascensão nas investigações literárias, essa dissertação buscou compreender de que forma o Gótico, no contexto sociocultural brasileiro do século XIX, se manifestou na poesia de Gonçalves Dias, literato maranhense lembrado pela crítica e pelos estudos, sobretudo, por sua vertente indianista. Desse modo, articulou-se conhecimentos da História e da Literatura com fim de analisar a influência específica desse novo ambiente em que o estilo gótico se redefiniu, visto que é típico de uma literatura europeia, e, mais especificamente, inglesa. A análise investigou as estruturas sociais, o lugar em que se insere o poeta e seu público, as tendências ideológicas e o imaginário, além dos meios de transmissão da obra disponíveis (Candido, 2023; Le Goff, 1994), e, adentrando na seara poética, focou-se nas imagens, sons, ritmos, ideias constituintes, e potências metafóricas (Pound, 1991; Moisés, 1969). Constituiu-se, portanto, como uma pesquisa de teor qualitativo e explicativo (Creswell, 2010; Gil, 2002), uma vez que busca determinar as causas de um fenômeno em suas especificidades. O corpus empregado foi a obra de estreia de Gonçalves Dias, “Primeiros Cantos” (1846), marco da literatura romântica nacional. A metodologia constitui-se da combinação de abordagens extrínsecas e intrínsecas à obra (Wellek; Warren, 2003), estabelecendo diálogo direto com as teorias selecionadas. Como resultados, desvelou-se o papel do catolicismo, religião influente no Brasil no século XIX, enquanto base para temáticas obscuras como a morte, o pecado, a apostasia, que se desenvolvem a partir de fantasmas, visões, pesadelos, cemitérios e igrejas, paisagens escuras e desoladas, elementos presentes em obras da tradição gótica. Além disso, o gótico incorporou o nacionalismo, transmutando, na poesia indianista, os portugueses em figuras horrendas, que trarão a ruína aos povos indígenas, símbolos do que é essencialmente brasileiro. Nesse sentido, esses dois aspectos se tornam fundamentais na constituição de um Gótico nacional.
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