AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR MICROPLÁSTICOS EM ORGANISMOS ZOOPLANCTÔNICOS NA PORÇÃO FINAL DA REGIÃO DE IMPACTO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ESTREITO

thumbnail.default.placeholder
Data
2025-08-19
Autores
SILVA, NAILTHON NEPONUCENA DA
Journal Title
Journal ISSN
Volume Title
Publisher
Resumo
Os microplásticos (MPs), partículas poliméricas menores que 5 mm, configuram-se como marcadores ambientais do Antropoceno devido à sua ubiquidade nos ecossistemas aquáticos, resultantes da fragmentação de plásticos maiores (secundários) ou produção intencional em escala microscópica (primários, como microesferas cosméticas e fibras têxteis). Sua dinâmica em corpos hídricos é modulada por fatores hidrológicos, atividades antrópicas e características morfológicas (fibras, fragmentos, filmes, espumas), com estudos globais apontando concentrações que variam de 10⁻³ a 10⁵ partículas/m³. Neste contexto, a presente pesquisa investigou a contaminação por MPs em zooplâncton da região de influência da Usina Hidrelétrica de Estreito (UHE), no médio Rio Tocantins, área estratégica pela confluência de pressões urbanas, industriais e hidrodinâmicas. A metodologia comparativa usando amostras de 2014 e 2025 envolveu coletas superficiais em três pontos, montante, jusante da barragem e Porto Franco, com redes de plâncton com fibra de 68 µm, seguida de triagem taxonômica separando zooplâncton como Cladocera, Copepoda Cyclopoida e Calanoida, e em seguida submetendo a digestão ácida (HNO₃ a 65%) para extração de partículas internas e caracterização morfológica via microscopia. Os resultados apontaram que, embora MPs livres de morfotipos fragmentos, filmes, fibras persistam na coluna d’água em ambos os períodos, a ingestão por organismos zooplanctônicos foi detectada apenas em 2014, com quatro partículas entre 7,25 a 14,33 µm identificadas em Cladocera e Copepoda, predominantemente fibras e fragmentos associáveis a fontes urbanas. A ausência de MPs internos nas amostras de 2025 correlacionou-se com uma redução média de 26,95% no tamanho dos Calanoida e 30,39% nos Cladocera, podendo sugerir que dimensões corporais menores limitaram a ingestão, além de possíveis variações na disponibilidade de alimento natural ou eficiência de filtragem. A discrepância temporal destaca a complexidade dos processos ecológicos envolvidos na contaminação, reforçando que a presença ambiental de MPs não se traduz linearmente em bioabsorção, mas depende de interações entre morfologia partícula-predador, condições tróficas e variáveis hidrossedimentológicas. Conclui-se que, embora a bacia Tocantins-Araguaia apresente vulnerabilidade à poluição por MPs, demonstrada pela contaminação histórica do zooplâncton, fatores regulatórios biológicos e ambientais podem atenuar sua incorporação na cadeia alimentar. Estudos futuros devem priorizar a identificação química dos polímeros (e.g., espectroscopia FTIR), amostragens sazonais e análise de contaminantes adsorvidos (HAPs, pesticidas) para dimensionar riscos ecotoxicológicos reais neste ecossistema estratégico.
Description
Palavras-chave
Citação
Coleções